Jornal A Semana

A casa dos desenhos: HISTÓRIA E ARTE

  • Douglas Varela
  • 31/05/2020 08:45
7552402605ed39c2b7307c6.12702403.jpg

Casa de José Faé e Ana Maria Matia Faé. A construção teve início em 1936, foi concluída em 1938 e pintada em 1946.Foto: Acervo da família de Américo Faé.

Zélia Maria Bonamigo,
Jornalista e antropóloga.
zeliabonamigo@uol.com.br

Fotos: Douglas Varela - 29.abr.20.

Na casa, morou o casal com os oito filhos, cinco mulheres e três homens, sendo Américo o mais novo. “Fiquei na casa cuidando dos pais e permaneci morando aqui, até 1974, depois nos mudamos para outra casa, perto daqui”, conta Américo. 

 Ferramentas, rodas de carroça, trator e máquina de fazer macarrão.

A casa se compõe de mais dois andares, além do térreo. No porão, são guardadas as ferramentas antigas, as rodas de carroça, o trator e a trilhadeira e, de modo especial, a máquina de fazer macarrão, de bronze, utilizada pela mãe de Américo.

Badana

Quando José visitava os parentes no Norte do Paraná, “comprava algumas badanas para vender aqui. Essa deixou para nós. Fica guardada ali. No porão funcionava a cantina de vinho, onde se produziam de a 15 a 20 mil litros por ano em 4 hectares de parreiral. Já ficava perto da pipa um copo para se tomar vinho, comendo salame, que eu guardava num quarto pequeno ao lado, costume este que permanece”, comenta Américo, e acrescenta: “Uma pena não ter tirado fotos...”

Desenho circular no teto

O segundo andar, é o que abrigava a sala, a cozinha e três quartos. No centro da sala, há, ainda, a pintura de um círculo no teto onde era colocado um buquê de flores para enfeitar a sala nos dias de baile, junto com bandeirolas e fitas.

Milho armazenado onde era a sala e os quartos.

Depois que “nos transferimos para outra casa, próxima, foram retiradas as paredes divisórias entre os quartos e a sala, ficando um espaço grande, onde passou a ser armazenado o milho”, explica Dirlei.

Escada da sala ao sobrado, com pinturas nas paredes

Sobre o último andar, também conhecido como sobrado, agora vazio, Dirlei observa que “não tem forro no teto, assim, fica fácil de ver as telhas por dentro. As telhas agora, porque no passado a casa era coberta com tabuinhas. Ouvia contar que, quando chovia, os filhos de José gostavam de dormir no sobrado para ouvir o barulho da chuva”. 

 Antigamente, tabuinhas, mais tarde telhas sem forro

Os 14 degraus de madeira, da sala ao sobrado mostram desenhos feitos em 1946, quando a casa foi pintada. Estes e os demais desenhos da casa foram feitos, conjuntamente por José e o pintor da casa (nome não encontrado). 

Calçada e escada de pedras

A calçada tem 1 m de largura e 13 m de comprimento fora a fora na frente da casa, continuada por uma escada com 12 degraus. Ambas são tão antigas quanto a casa, feitas com pedras chatas, achadas no mato. “As pedras, de aproximadamente 300 kg cada uma, lisas e chatas, acho que foram puxadas do mato com cavalo. Ou, então, levadas com a zorra, uma forquilha de árvore, sobre a qual eram pregadas tábuas em cima das forquilhas, e as pedras em cima das tábuas, inclusive para fazer taipas”, explica Américo.
Na propriedade, havia também um alambique. Com a casca da uva faziam 1.500 litros de graspa e vendiam em Concórdia-SC, onde havia dois depósitos de bebidas.
E você? Gostou de conhecer a história da casa dos desenhos? Conhece alguma outra casa antiga ou mora em alguma? Não deixe de escrever a história dela. Entreviste as pessoas mais velhas da família.
Se você gosta de pesquisar, leia o livro A pesquisa em história, de Maria do Pilar de Araujo Vieira, Maria do Rosário da Cunha Peixoto e Yara Maria Aun Khoury, editora Ática.

 


Enquete