Jornal A Semana

A MEMÓRIA ADMIRÁVEL DE LEOMIRA ANGELA SARTORI BOFF VEZZARO

  • Douglas Varela
  • 29/05/2020 10:54
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Imagem: Leomira Angela Sartori Boff Vezzaro no caminho para Aparecida do Norte, entre 65 e 70 anos de idade. Fonte: Acervo da família.

Zélia Maria Bonamigo
Jornalista e Antropóloga
zeliabonamigo@uol.com.br

– Alô! Você conhece a história de sua mãe? Porque eu queria publicar algo de sua biografia. Ela foi parteira em Ouro-SC? – perguntei por telefone para alguém...

– Ah, sim, ela é minha mãe! – respondeu a voz alegre do outro lado do telefone. E continuou: – Não me lembro mais de todas as datas, mas posso ver com minha irmã, Amélia Dosolina Boff, 84, e com minha filha, Eliane Maria Boff, 52, pode ser? – Respondeu-me Domingos Antonio Boff, 81, casado com Ivanilde Rossa Boff, 78. Domingos foi vereador em Ouro, de 1976-1982, e prefeito nas gestões de 1983-1989 e de 1993-1997.

– Maravilha! – respondi. E nem sabia que apareceria ainda o neto Gabriel Boff Coronetti, que digitaria e me enviaria os arquivos finais. Se houvesse necessidade, provavelmente, os demais membros da família entrariam em cena. Quem me passou o contato foi Terezinha Sanguanini Prando, uma vez que Leomira atendia também na Linha Nossa Senhora da Saúde (Ouro-SC).

Pois bem, conforme as anotações dos familiares, Leomira nasceu em 20 de julho de 1914, em Caxias do Sul (RS), segunda filha de uma família de oito irmãos. Aos três anos de idade, viajou com a família para Santa Catarina, de carroça, numa viagem de muitos dias. Passou a morar na Linha Bonita, distrito de Rio Capinzal, então município de Campos Novos.

Com 19 anos de idade, casou-se com Gildo Boff e passou a morar em Ouro-SC, na época ainda pertencente a Capinzal. Teve quatro filhos: Amélia, Dalila (falecida), Elza (falecida) e Domingos. Ficou viúva em 15 de maio de 1940, com 26 anos. Casou-se, novamente, em 1951, com Eurico Guilherme Vezzaro. Teve seis netos e um bisneto.

Com dois filhos pequenos, trabalhou como lavadeira, faxineira e acabou se tornando prática em enfermagem no hospital, que ficava em Ouro, uma construção de madeira. Foi assim que aprendeu o oficio de parteira e criou amor pelos partos. Foi também benzedeira, fazia benzimentos de erisipela.

Domingos, Amelia e Eliane destacam que Leomira tinha memória admirável. Era comum apontar as pessoas na rua e dizer sua data do nascimento, como foi o parto, onde moravam. Mulher corajosa e bondosa, sempre teve bom coração. Dividia nos tempos difíceis o pouco que tinha com familiares, conhecidos, e até com pessoas desconhecidas. Domingos conta: “Me lembro que quando alguém ia buscá-la a cavalo, sempre ia outro cavalo junto”. E ela ia onde fosse chamada, sem cobrar nada.

Chegou a realizar partos na casa dela e hospedar a parturiente. O ultimo parto foi realizado em 1992 ou 1993. Faleceu aos 89 anos, em 12 de setembro de 2003, após trabalhar mais de 50 anos como parteira.

E você? Tem vontade de escrever uma biografia, mas lhe faltam os dados? Faça como os familiares de Leomira, que, juntos, recuperaram a sua história, e lhe deram de presente essa linda biografia. Vamos nessa?


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