Jornal A Semana

ACOSTUMAR-SE E CONFORMAR-SE: AS PIORES DECISÕES HUMANAS

  • Douglas Varela
  • 15/02/2019 09:15
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Temos o hábito de crer que tudo passa. Tanto momentos bons quanto ruins. Que nada é eterno, nem sofrimentos e quiçá alegrias. Montaigne diz para não exaltarmos tanto certos momentos, porque as coisas não possuem valor próprio, mas o valor que destinamos a elas.

E talvez, pensar desta maneira poupe-nos algumas gastrites, lágrimas, dores de cabeça e noites de insônia. Porém, chego à conclusão de que nos conformarmos é a pior decisão que um ser humano pode tomar.

Aceitar o tombo. Reconhecer-se inútil e assim permanecer na lama. Quando uma pessoa perde sua fé e acha normal, cabível, não tão ruim assim certo momento pelo qual está passando ou não reluta alguma decisão que fere seus princípios, em minha opinião, veio ao mundo em vão.

Afinal, com um pouco de falta de informação nos tornamos marionetes. Todos manipulados pelo sistema. Robozinhos nas mãos dos poderosos. Que aceitamos de boca calada ter que virar noites para entregar trabalhos extensos e mesmo assim, no outro dia ouvirmos que não seremos “ninguém na vida”. Nos acostumamos não ter tempo para tomar café e sair com fome ou ter que resolver problemas que não foram ocasionados por nossa culpa.

Aceitamos de bom grado conviver com pessoas que nos põe para baixo e apontam defeitos, cutucam feridas ou mostram o quão sem serventia somos apenas por status. Nos conformamos em ter o final de semana como um cano de escape para fugir da insuportável rotina e férias para poder ir para bem longe de onde passamos uma vida pesada. Fazemos, compramos e nos exibimos porque somos manipulados pela luxúria e pela vaidade. Sentimos inveja, queremos provocar inveja nos outros e mostrar o quão nosso cotidiano é perfeito, nem que para isso tenhamos que engolir alguns sapos e passar por situações que machucam nossa alma.

Mas não se conformem. Não aceitem. Não permitam que alguém delimite seus horizontes ou lhe prenda em uma esfera pela qual você preferiria morrer do que habitá-la.

Lute. Fale. Manifeste-se.

Faça com que respeitem suas ideias de modo que seus objetivos estejam acima de qualquer coisa. Que sua felicidade não seja depositada em algo ou alguém, mas no alcance da plenitude de si mesmo.

Submissão não é legal. Ela começa com algo pequeno, com o fato de calar-se perante um insulto e quando percebemos já não tomamos mais decisões sem o veredicto de alguém. Parece que desaprendemos a caminhar com as próprias pernas. Ao aceitarmos decisões que nos ferem a alma sem questionarmos, assinamos o nosso próprio atestado de óbito.

Não concorde. Acorde e desprenda-se de situações que lhe custam o brilho no olhar e a vontade de viver.

 


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