Jornal A Semana

IGREJA ATENTA ÀS REALIDADES HUMANAS.

  • Douglas Varela
  • 20/07/2017 09:07
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Atenta às realidades humana, a Igreja tem o dever de se envolver no social. Em sua missão não basta distribuir pão aos necessitados, mas é necessário – se quiser andar nas propostas de Jesus – criar condições humanas em favor de todos e privilegiar os desprivilegiados da sociedade. Na História, sempre se envolveu, obedecendo as ordens de Jesus. Parcerias até com os poderes públicos. Em muitos destes casos se sujou, se comprometeu. Chegou ao ponto de queimar ”bruxas”, no dizer da História. Mesmo assim não pode deixar de insistir na justiça também social (Mt 5,20). O Papa Francisco resume, afirmando: “prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças” (EG n. 49).
Nos últimos tempos, a Igreja, em seu governo, manteve a obrigação deste ônus. Em sua base se reconhece este seu agir. Em todos os continentes.
Leão XII com sua Rerum Novaram (das coisas novas), versando sobre as condições dos operários foi luz na CLT de Getúio Vargas.
Paulo VI na Populorum Progressio (Progresso dos Povos), defendeu o desenvolvimento humano integral como fator da Paz. Promoção de todos os homens e do homem todo é o desenvolvimento integral.
Bento XVI, na Enciclica Caritas in Veritade (Caridade na Verdade), considerava importante que se olhasse o desenvolvimento integral como progresso verdadeiramente humano.
Francisco, em Laudato Si (Louvado Sejas) analisa que o crescimento atual não significa verdadeiro progresso ao ser humano. O mercado, por si mesmo não garante o desenvolvimento integral do ser humano.
Em 2016, constituiu um departamento de governo na Cúria, para ajudar concretamente no cuidado da justiça social, criando a cultura da paz ao ser humano e da proteção da criação, cuja finalidade é o próprio homem. Assim no mundo atual não são duas crises, uma ambiental e social, como se fossem separadas. Há uma única e complexa crise socioambiental. Sem uma abordagem integral não há verdadeiro caminho de solução, como aliás a história mostra. Não podem faltar nesta abordagem o combate à pobreza, ao desenvolvimento da dignidade aos excluídos e o cuidado da natureza em vista sempre do bem comum. Esta abordagem pode desempenhar um papel central e unificador na ética social.
O organismo criado na Santa Sé tem em vista ajudar no desenvolvimento da pessoa à luz do Evangelho em continuação à doutrina social da Igreja. Muitos são os detalhes desta proposta de reflexão e ajuda. Também pretende estabelecer relações pertinentes com associações, instituições e organizações não governamentais para tal propósito. Sempre que organizações assim se manifestem comprometidas com a promoção da justiça e da paz tem acenado o intercâmbio. Governos civis e sujeitos de direito internacional são convidados a usufruir do departamento.
Aliando esta continuidade com a linha eclesial, Francisco não pretende se afastar do risco. “Mais do que temor de falhar, espero que nos mova o medo de nos encerrarmos nas estruturas que nos dão uma falsa proteção, nas normas que nos transformam em juízes implacáveis, nos hábitos em que nos sentimos tranqüilos, enquanto lá fora há uma multidão faminta e Jesus repete-nos sem cessar: “dai-lhes vós mesmos de comer” (Mc 6,37) (EG n.49).
Os governos reivindicam a regulação do emprego, do salário, do comércio e da alimentação por serem de sua alçada.
A Igreja propõe que seja de forma ética e justa. E propõe a cidadania seja um direito de todos. Para tanto sempre esteve a campo. Já saciou muitos em sua fome, levantou escolas, hospitais, para que ninguém ficasse excluído da dignidade. Hoje está em campo também de outras formas. É exigência dos tempos!


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