Jornal A Semana

A ARTE DA AQUARELA, E SUA HISTÓRIA

  • Douglas Varela
  • 05/09/2020 08:10
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Imagem: Arte em aquarela, presente de Marialba Agner de Carvalho, filha de Albano. Crédito: Albano Agner de Carvalho, 1981.

Zélia Maria Bonamigo
Jornalista e Antropóloga
zeliabonamigo@uol.com.br

― Poderia escrever a história da pintura em aquarela? ― Você me pergunta.

― Oba! Mas só se você encarar a pandemia pintando com ela, e cantando a canção Aquarela ― música de Toquinho e Vinícius de Moraes e letra final de Toquinho e Maurizio Fabricio, começa assim: “Numa folha qualquer/ Eu desenho um sol amarelo/ E com cinco ou seis retas/ É fácil fazer um castelo..."

Muito bem, a arte da aquarela é antiga, usada nas dinastias da China. Relaciona-se com a invenção do papel, com a utilização da água e do pincel. O filósofo Confúcio aconselhava que essa arte fosse introduzida pelas cores com pigmentos naturais dissolvidos em água. Interessante que essa era uma forma de viver os princípios taoistas. A pintura era feita em suportes de seda, papel ou tábua, com o uso de pincéis de pelo de coelho.

A invenção do papel se deu no decorrer do século II a.C. na China. T'sai Lun é considerado seu criador. O papel é um conjunto de fibras entrelaçadas, em geral de algodão, linho e cânhamo. Atualmente, existem diversos tipos de papéis para aquarela.

Também nas antigas civilizações da Pérsia e do Egito fazia-se uso de pigmentos diluídos em água e fixados com aglutinantes naturais sobre papiro, madeira e couro, sendo usados em ilustrações, no contexto da narrativa de atos heroicos de reis e deuses.

Ao chegar ao Ocidente, na Idade Média, a aquarela foi utilizada por artistas e copistas de centros culturais importantes e em mosteiros. Eram feitas “iluminuras” com elementos decorativos de pigmentos naturais, sendo, no início do capítulo, com ouro e prata.

No Renascimento, aproximadamente em 1300, começaram a ser feitos os primeiros desenhos com aguadas. E na Alemanha, esses procedimentos passaram a ser feitos, em torno de 1500, por mestres flamengos, Rubens, Rembrandt, e Albert Dürer, O desenho de aguada entrou em vigor na Europa, no período barroco com Poussin.

No Brasil colonial chegaram topógrafos e naturalistas para estudar e ilustrar a fauna e a flora brasileira, como Rugendas e Debret. Em Londres, em 1831, foi fundada a primeira Sociedade de Pintores de Aquarela. Já William Turner (1775-1851) é reconhecido como pai da aquarela moderna. No século XIX, mestres impressionistas deram grande impulso para a aquarela, como Daumier, Rodin, Matisse, Picasso, Kandinsky, Miró e Klee.

Nos tempos atuais, cito, com admiração, o aquarelista Albano Agner de Carvalho (1899-1992). Nasceu em 12 de agosto de 1899 na Vila Tamandaré, hoje Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba, no Paraná. Seus pais foram Adolpho Militão de Carvalho e Maria Bárbara Agner de carvalho. A mãe foi sua grande incentivadora no desenvolvimento da arte.

Ainda jovem, se mudou para o Rio de Janeiro onde estudou, casou e se destacou pelo brilhante trabalho desenvolvido. Suas pinturas ilustraram capas de revistas e boletins. Suas obras chegaram a várias partes do mundo, como Vaticano, Canadá, Japão, Israel, Inglaterra, Portugal, etc. Fez inúmeras exposições, recebeu medalhas e diversos títulos.

É dele este comentário: “Não dá para sobrepor camadas de tinta. Pintar uma aquarela exige precisão no traço e certeza da cor e tom que irá usar”. Que ótima orientação, não é mesmo? E você? Leia mais sobre a história da aquarela em O ciclo das Mandalas, de Mary Porto (Antroposófica, 2009), que fundamentou este artigo. Vamos nessa?

 


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