No Brasil vive-se, atualmente, com bastante intensidade um apego tremendo ao negacionismo científico. Negou-se, por exemplo, que a COVID-19 consistia numa pandemia, que poderia ceifar brutalmente milhares de vidas humanas no Brasil. Defendeu-se, em rede nacional de televisão, que se tratava de uma mera “gripezinha”. Negaram-se evidências e fatos científicos, tudo para manipular a opinião pública. O que o manipulador queria é que as pessoas retornassem às suas atividades econômicas, pois, sem uma economia equilibrada, não há como sustentar o seu projeto de anos de poder.

Além do discurso marcado pelo negacionismo científico, o manipulador procurou fazer aglomerações e passeios em locais públicos (levou para a prática as suas ideias negacionistas), tudo para sustentar a sua tese de que a pandemia era uma “gripezinha”. E qual o efeito desse comportamento negacionista? É inegável que milhões de pessoas acreditaram no manipulador e saíram pelas ruas e praças sem adotar os cuidados recomendados pela ciência. Deixaram também de fazer o isolamento social. Ou, se foram positivadas pela COVID-19, ficaram em casa aguardando a cura do “pequeno resfriado”, sem procurar o recurso médico indicado pela ciência. Isso criou, em grande escala, o que os economistas chamam de efeito manada, ou seja, as pessoas observam e repetem o comportamento do outro. O resultado catastrófico dessa negação científica deixe para a história registrar.

O negacionismo científico é um desastre para o Brasil. Ele é produto de regimes totalitários. É peça desenhada e pregada por líderes autoritários. Quando a ciência apresenta verdades inconvenientes que atinge o projeto de poder de líderes autoritários, estes procuram construir argumentos visando desqualificá-la. Entretanto, a ciência é fundamental. Ela é uma forma de encarar a realidade tanto para entender o mundo como para criar soluções. A ciência usa como princípio o confronto das ideias com a realidade empírica. O pensamento científico é de desconstrução. Por isso, a ciência nunca será instrumento para servir a práticas políticas marcadas pelo autoritarismo e pela manipulação da opinião pública.