Jornal A Semana

O CÂNCER NÃO ESPERA A PANDEMIA PASSAR

  • Douglas Varela
  • 23/11/2020 08:57
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Continue com o autoexame de suas mamas. Crédito: Divulgação Inca.gov.br

Zelia Maria Bonamigo
Jornalista e Antropóloga
zeliabonamigo@uol.com.br

Lá está Ana, tremendamente triste, corpo curvado para frente, tem pouco mais de 30 anos de idade. Descobriu durante o banho uma alteração na mama, mas negou estar vendo aquilo, tentou se convencer de que não era nada, demorou a marcar consulta médica, por receio de se contaminar com a Covid-19, doença infecciosa causada pelo novo Coronavírus.

Salete desconfia de um caroço que sentiu na mama no autoexame. Pede ajuda para pagar consulta médica. É carrinheira, só ganha o necessário para a alimentação de cada dia. “Se esperar pelo Sistema Único de Saúde (SUS), demorará muito” ― ela diz.

Na clínica, Andreia repete ao marido: “Eu te disse: Aquilo é câncer, sim!”. Começa a chorar com temor dos efeitos colaterais da quimioterapia, que deve iniciar.

Maria está preocupada. Aguarda resultado da biópsia. Teme estar com câncer. Mora sozinha, distante dos filhos. Tem mudança de humor. Com mais de 74 anos de idade, pergunta a Deus: “Ai, meu Deus, como será?”, e reza.

Lucy passa mal na primeira quimioterapia, precisa ser internada. Com depressão, não quer continuar, não quer saber de mais nada. Mas o marido lhe dá força.

Ninguém gosta de ver indícios de um possível tumor maligno no corpo. Primeiro, se nega, depois se decide pela consulta, mas aparece o medo da Covid-19, o novo Coronavírus. Uma vez feita a consulta e realizados os exames, a espera do resultado da biópsia pode ser cansativa. Nem sempre demora 10 a 15 dias, às vezes demora 20, 30 dias ou mais. Depende do laboratório e de fatores como o tipo de patologia em estudo, entre outros.

Nesse período, os familiares exercem importante papel de não deixar que a mulher com câncer alimente pensamentos negativos e entre em depressão. E que, nos casos de transtornos de humor e depressão, a estimulem e lhe acompanhem aos serviços de saúde. Estimular a fé também pode ajudar.

O câncer não é de um tipo só. Ao começar o tratamento, podem ocorrer efeitos colaterais diversos. No início, se procura esconder a queda dos cabelos com lenços e chapéus, depois, algumas mulheres aceitam a careca total, principalmente a partir da pandemia, com o uso de máscara, deixando a cabeça livre.

Em 2020, existirão 66.280 mulheres afetadas pelo câncer, conforme o INCA – Instituto Nacional do Câncer. Depois do câncer de melanoma, o câncer de mama é o tumor que mais atinge as mulheres. E o Dr. Sivan Mauer, especialista em transtornos de humor e doutor em psiquiatria pelo Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina da USP – Universidade de São Paulo, diz que o câncer de mama é o que mais mata mulheres no Brasil.

De acordo com o INCA – Instituto Nacional do Câncer, a idade da mulher é um dos fatores de risco. Aproximadamente um em cada quatro casos ocorrem depois de 50 anos. Mas se for diagnosticado precocemente, a possibilidade é de 95% de cura.

E você, mulher, faz o autoexame? Tem encontrado alguma alteração em suas mamas? Se sim, agende uma consulta médica. Em qualquer idade, inclusive se tiver 70 anos ou mais. Não é porque o “Outubro Rosa” terminou, que os autocuidados podem cessar. E mesmo em meio à pandemia, as consultas médicas devem continuar.

Quanto antes for descoberto o tumor, maior a chance de cura. Vamos nessa?

 


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